3 poemas sobre a água para ler e se inspirar

A água é um potencial de construção, e suas conquistas são alcançadas pela capacidade de alimentá-la, manter a vida e mash e mash e mash e mash e mash e mash e mash e mash.

Todos os poetas sabiam como usar essas características e usá-las para fins de comissão.

Não é preciso ser marinheiro para conhecer e admirar as belezas e os perigos do mar; e não precisamos ser poetas para sentir o toque da chuva.

Da mesma forma, há algo em nossa natureza que pode associar a água às ideias e sensações que habitam o nosso e habitam o nosso.
Por isso, selecionamos 3 maravilhosos poemas sobre a água, para que você entenda as diferentes abordagens a esses elementos, dos quais tanto depende nosso papel.

Boa leitura!

Poemas sobre a água

Sonho oriental, de Antero de Quental

Sonho-me às vezes rei, nalguma ilha,
Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsâmica e fulgente
E a lua cheia sobre as águas brilha…

O aroma da magnólia e da baunilha
Paira no ar diáfano e dormente…
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com finas ondas de escumilha…

E enquanto eu na varanda de marfim
Me encosto, absorto num cismar sem fim,
Tu, meu amor, divagas ao luar,

Do profundo jardim pelas clareiras,
Ou descansas debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar.

Amar, de Carlos Drummond de Andrade

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

A mãe d’água, de Gonçalves Dias

“Minha mãe, olha aqui dentro,
Olha a bela criatura,
Que dentro d’água se vê!
São d’ouro os longos cabelos,
Gentil a doce figura,
Airosa, leve a estatura;
Olha, vê no fundo d’água
Que bela moça não é!

“Minha mãe, no fundo d’água
Vê essa mulher tão bela?
O sorrir dos lábios dela,
Inda mais doce que o teu,
É como a nuvem rosada
Que no romper da alvorada
Passa risonha no céu.

“Olha, mãe, olha depressa!
Inclina a leve cabeça
E nas mãozinhas resume
A fina trança mimosa,
E com pente de marfim!…

Olha agora que me avista
A bela moça formosa,
Como se fez toda rosa,
Toda candura e jasmim!
Dize, mãe, dize: tu julgas
Que ela se ri para mim!

“São seus lábios entreabertos
Semelhantes a romã;
Tem ares duma princesa,
E, no entanto ó tão medrosa!…
Inda mais que minha irmã.
Olha mãe, sabes quem é
A bela moça formosa,
Que dentro d’água se vê!”

— Tem-te, meu filho; não olhes
Na funda, lisa corrente:
A imagem que te embeleza
É mais do que uma princesa,
É menos do que é a gente.

— Oh! Quantas mães desgraçadas
Choram seus filhos perdidos!
Meu filho, sabes por quê?
Foi porque deram ouvidos
À leve sombra enganosa,
Que dentro d’água se vê!

— O seu sorriso é mentira,
Não é mais que sombra vã;
Não vale aquilo que eu valho,
Nem o que vale tua irmã:
É como a nuvem sem corpo
De quando rompe a manhã.

— É a mãe d’água traidora,
Que ilude os fáceis meninos,
Quando eles são pequeninos
E obedientes não são;
Olha, filho, não a escutes,
Filho do meu coração:
O seu sorriso é mentira,
É terrível tentação. —
______________

Junto ao rio cristalino
Brincava o ledo menino,
Molhando o pé;
O fresco humor o convida,
Menos que a imagem querida,
Que n’água vê.

Cauteloso de repente,
Ouve o conselho prudente,
Que a mãe lhe dá;
Não é anjo, não é fada,
Mas uma bruxa malvada,
E coisa má.

Ela é quem rouba os meninos
Para os tragar pequeninos,
Ou mais talvez!
E para vingar-se n’água
Da causa tanta magoa,
Remexe os pés.

Turba a fonte num instante,
Já não vê o belo infante
A sombra vã,
E as brancas mãos delicadas
E as longas tranças douradas
Da sua irmã.

O menino arrependido
Diz consigo entristecido:
— “Que mal fiz eu!
Minha mãe bem que indulgente,
Só por não me ver contente,
Me repreendeu. —

Era figura tão bela!
E que expressão tão singela,
Que riso o seu!
Oh! Minha mãe certamente
Só por não me não ver contente,
Me repreendeu!

Espreita, sim, mas duvida
Que a bela imagem querida
Torne a volver;
E na fonte cristalina
Para ver todo se inclina
Se a pode ver!

Acha-se ainda turbada,
E a bela moça agastada
Não quer voltar;
Sacode leve a cabeça,
Em quanto o pranto começa
A borbulhar.

E de triste e arrependido
Diz consigo entristecido:
— Que mal fiz eu!…
— Leda ao ver-me parecia,
— Era boa, e me sorria…
— Que riso o seu!”
(…)

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